domingo, 26 de fevereiro de 2017

Impo(n)(t)ente.

Na outra margem, eu, observando aquelas figuras imponentes, admiro-as, reduzidas agora a pequenos traços de ferro fundido, uma vez erguidas, agora disformes não são mais, tento esquecer-me. O simbolismo do momento ficou-me na memória, sabemos que os reinos foram criados entre pequenos prazos de existência e uns alongam-se para lá do prazo, é idiótico, porque do exterior parecem imutáveis, mas a substância interior, o espírito e a carne apodrecem, com isso as fundações tremem, uma por uma vão caindo, qual efeito dominó, disformes. Não me esqueço.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017

Escárnio.

Não receio fantasmas, assombrações não me inquietam, apenas me aborrecem, são como árvores com raizes carnudas que se fixam a um local e apenas sabem avespinhar quem visita e quem passa, as árvores com ramos e folhas caducas, os fantasmas com suspiros e sopros.

domingo, 5 de fevereiro de 2017

Minos.

Ainda há quem deixe migalhas para se encontrar, ser encontrado ou não se perder do caminho de casa? E num labirinto, um fio ainda vale ouro, se marcar a entrada, o ponto de partida, para aquele que procurando derrotar minotauros, não se perder? Há que saber observar, apreciar, seguir e no fundo gostar de descobrir as pistas que são deixadas, e naquele bom beijo que deixa muita gente perdida mas com gosto, nada acima referido serve. No viver simples, há ouro, mas poucos são bandidos o suficientes para o perceber, no entanto, esses acabam por ser aqueles que são capazes de roubar os melhores beijos, certo? talvez. Ainda assim, o tempo não entrega nada de bandeja, pelo contrário, é melhor a roubar do que a oferecer, nas complexidades e teias com que nos vai presenteando, meio puzzle meio quebra cabeças, desfaz e refaz fortalezas e homens, muros e campos, na imortalidade do mesmo existe a tirania do sempre, do infinito que ainda desconhecemos porque nós próprios finitos sucumbimos sempre aos seus designios. E como ficam os minotauros? na solidão de labirintos, escuros, á espera que os venham encontrar, defrontar ou apenas conversar, como passam o tempo? ou melhor, como passa o tempo por eles? ambos. Esperam, á espreita, no escuro, ouvem e desdenham por ouvir e ver. ambos.